Investimento de R$ 370 milhões
A saída encontrada pela Petrobras e o Governo do Estado para dar vazão à Produção de Polipropileno do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) na Cidade de Itaboraí vai passar longe das rodovias estaduais e federais que cortam Itaboraí e São Gonçalo e reativar o que foi o principal meio de transporte de combustíveis e cargas do Rio de Janeiro nas últimas décadas: o Ramal Visconde de Itaboraí-Saracuruna, desativado há mais de 20 anos. Décadas de abandono da malha ferroviária até seu destino final, em Ambaí, Nova Iguaçu, vai custar às concessionárias que decidirem investir na linha mais de R$ 370 milhões. A obra precisa acontecer em tempo recorde e estar pronta quando o Comperj começar a produzir, em 2012.
A necessidade de reativar os 70 km de linha férrea entre os ramais Visconde de Itaboraí-Magé-Saracuruna-São Bento-Ambaí se deu por ser a solução mais inteligente encontrada para fazer chegar mais de 850 toneladas de polipropileno por ano em São Paulo, principal mercado consumidor da produção do Comperj. Segundo as avaliações do Governo do Estado, se as rodovias fossem a única opção, seriam necessários 280 caminhões de grande porte por dia para transportar a produção, cuja estimativa é de 3,4 mil toneladas anuais. A partir da ferrovia, este volume será transportado em apenas um trem de 100 vagões por dia.
Investidores – O Governo do Estado está agora estudando a demanda e a viabilização de recursos para a obra. Segundo um relatório feito por técnicos da Petrobras, os trechos entre Itaboraí e São Bento estão sob a administração federal e estadual, e estariam disponíveis à concessão. A recuperação desta malha estaria, portanto, a cargo da empresa vencedora da licitação. Já a malha entre São Bento e Ambaí estaria sob a concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) que, segundo a Petrobras, não estaria se mostrando interessada em operar, dado os custos para operá-la em bitola larga, e abriria mão de seus direitos. O Governo acredita, no entanto, que o volume de carga irá atrair os investidores.
“Ainda não está definido quem será o operador da ferrovia. Duas empresas detém o direito de operação de alguns trechos. O que podemos dizer é que muito provavelmente estas concessionárias se interessarão por investir neste empreendimento, em função da alta demanda de carga que será gerada quando o Complexo Petroquímico entrar em operação”, afirmou em nota na semana passada a Secretaria Estadual de Transportes.
Assim que o modelo operacional for definido, como quem serão de fato os investidores e de quanto será o custo por tonelada de carga, as obras serão iniciadas. Ainda não existe definição sobre a quantidade de mão de obra que será necessária.
Trem transportará passageiros, mas só para a Baixada
Por mais de 50 anos os moradores de Visconde de Itaboraí tiveram como principal meio de transporte a linha férrea para Niterói. No ano passado, os boatos no bairro davam conta de que a esperança de que ela fosse retomada, por conta do Comperj, atiçavam as esperanças da população. A lógica venceu, e a escolha da Petrobras foi abrir passagem por Magé até a Baixada Fluminense.
Mas, da verba total, R$ 64 milhões serão usados na construção de um ramal de bitola mista, que permite a passagem, no futuro, de trens para passageiros. A Petrobras estima que grande parte de seus funcionários será ‘importada’ do Rio de Janeiro, e os planos logísticos já estariam visando esta facilidade no meio de transporte.
Nova ferrovia terá 70 km
Toda a malha ferroviária de Visconde de Itaboraí à Ambaí, em Nova Iguaçu, terá que ser adaptada, pois este ramal nunca operou com volume tão grande de carga pesada. O mais dispendioso dos trechos, no entanto, será o de 18 km entre Ambaí e São Bento, ramal próximo a Saracuruna, que irá custar R$ 229,4 milhões. Segundo a Secretaria Estadual de Transportes, será necessário trocar toda a bitola do ramal (de estreita para larga), para dar o suporte aos trens de carga.
“Ademais, o trecho ferroviário Ambaí-São Bento está deteriorado e vandalizado, e grande parte dele está cheio de moradias que adentraram ao antigo leito desse trecho logo que ele foi desativado. Neste trecho também se faz necessária a troca de toda a bitolagem estreita (métrica - 1m) por bitola larga (1,60m). Além disso, estima-se que, do valor total, R$ 70 milhões sejam destinados exclusivamente para colocação de drenos verticais. Ou seja, fundições que vão permitir a firmeza e a solidificação do solo, ação fundamental para o processo de reestruturação”, informou o superintendente de Logística de Cargas da Secretaria, Eduardo Duprat.
O ponto final da linha em Ambaí terá uma alça em direção ao porto e outra a Campos Elíseos, para se conectar com a Refinaria de Duque de Caxias. A previsão inicial é de que o Comperj refinasse 150 mil barris de petróleo pesado por dia, que seriam transformados em óleo diesel e outras matérias primas para a indústria química, mas há duas semanas o diretor de abastecimento do Pólo, Paulo Roberto Costa, afirmou que a estatal certamente ampliará a meta de produção.
Os outros 50 km de São Bento até Itaboraí custarão R$ 143,7 milhões. O trecho Magé-Visconde de Itaboraí é o que está em melhor estado de conservação. Os dez anos de abandono da Estação Ferroviária de Visconde de Itaboraí, construída em 1927 e uma relíquia histórica do bairro, vão custar R$ 10 milhões em obras de reforma. Terá que ser construído também um novo trecho de ferrovia, de sete quilômetros, para ligar a estação ao Comperj, que custará R$ 28 milhões.
Ferrovia ligará Itaboraí-Magé-Saracuruna-Reduc-Nova Iguaçu
21-07-2011 11:20
Ferrovia ligará Itaboraí-Magé-Saracuruna-Reduc-Nova Iguaçu
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