Avaliação Nacional da Igreja Metodista sobre Liturgia, por Rev. Luiz Carlos Ramos
11-06-2011 12:53Caras irmãs e irmãos,
No Expositor Cristão deste mês, saiu uma matéria entitulada "Avaliação Nacional aponta diagnóstico da Igreja Metodista".
Na fase de preparação, por causa dos surpreendentes índices relativos ao quesito "liturgia", o novo editor do periódico me pediu para tecer um comentário a respeito. Preferi não fazê-lo oralmente, para evitar ser mal compreendido (mais do que usualmente), mas o fiz por escrito.
Mesmo assim, o que foi publicado mutila sensivelmente o que eu disse. Por essa razão, peço que me permitam reproduzir aqui literalmente o comentário que enviei ao editor (talvez lhes seja útil de alguma forma), e desde já agradeço por lê-lo:
Considerações quanto às Estatísticas relativas ao Culto na Igreja Metodista
As estatísticas demonstram uma satisfação quase unânime no quesito Culto e Sacramentos, na prática da Igreja Metodista. Isso por parte do povo laico em geral, nota-se, no entanto, uma variação significativa quando se
lê a opinião do Colégio Episcopal a respeito do mesmo item. Isso pode sugerir as seguintes interpretações:
O povo dá grande valor ao culto, e isso pode
demonstrar um tipo de devoção voltada para a espiritualidade comunitária, ou
então para uma espiritualidade puramente cerimonial.
Pode indicar ainda um reducionismo do conceito
de Igreja (eclesiologia), principalmente se compararmos esse quesito com os
índices (muito inferiores) de itens como engajamento social, compromisso ético,
etc. Isso passa a ideia de que na opinião popular a Igreja é culto. Ora, o
culto é uma parte significativa da vida da Igreja, mas a Igreja é mais do que o
culto. O culto não é missão, antes esta se dá no interregno dos cultos. Mas no
senso comum, evangelizar significa trazer visitantes para o culto.
Considerando que muitos dos cultos, em boa parte
das Igrejas Metodistas no Brasil, são espontâneos, o que em certos casos
equivale a dizer que são “improvisados”, e ainda pelo fato de que os sacramentos
têm sido notoriamente negligenciados (principalmente o Batismo de crianças e a
frequência da ministração da Ceia), constata-se que a membresia das igrejas é
bastante tolerante, e pouco crítica da qualidade da liturgia que lhes é
oferecida.
Isso pode explicar em parte a diferença entre a
opinião do Colégio Episcopal e a do povo metodista. A liderança episcopal
percebe mais criticamente algumas deficiências na prática litúrgica que são
despercebidas da membresia em geral.
Seja como for, fica explícito que o culto é um dos elementos
que merece maior atenção por parte da liderança da Igreja, uma vez que é o
ponto crucial de interesse do povo metodista brasileiro, como as estatísticas
demonstram.
São Bernardo do Campo, 27 de maio de 2011
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